Introdução à Leitura de Lacan – Joel Dor
A negação da Falta –
Marcio Peter de Souza Leite
Lacan vem lançar uma nova roupagem para a
psicanálise, onde muitos a criticavam por ser ultrapassada, na tentativa de
tornar a psicanálise algo sem erros, ele usa a matemática na forma de matemas
colocando todo o psiquismo nestes. Lacan situa o Eu como instância de desconhecimento, de
ilusão, de alienação, e o Eu é situado
no registro do Imaginário, juntamente com fenômenos como amor, ódio, etc. O Eu
vem a ser o lugar das identificações e
das relações duais. Nessa perspectiva ele divide o sujeito, pois o Inconsciente seria autônomo
com relação ao Eu. E é no registro do Inconsciente que se situa a ação da
Psicanálise. Esse registro é o do Simbólico, é o campo da linguagem, do
significante. , esse precedendo e determinando o significado . Marcando a autonomia da função
simbólica. Este é o Grande Outro que antecede o sujeito, que só se constitui
através deste. Então tudo vem do Outro.
Para Lacan a ação psicanalítica está na fala, na
linguagem, onde o inconsciente se manifesta, através de atos falhos,
esquecimentos, relato dos sonhos, enfim, colocando assim o inconsciente sendo estruturado
como uma linguagem.
O Simbólico é o registro em que se marca a ligação
do Desejo com a Lei e a Falta, através do Complexo de Castração, operador do
Complexo de Édipo. Para Lacan, "a lei e o desejo recalcado são uma só e a
mesma coisa". Lacan pensa a lei a partir da interdição do incesto que
possibilita a circulação do maior dos bens simbólicos, as mulheres. O desejo é
uma falta na interdição edipiana, . Lacan articula neste processo dois grandes
conceitos, o Nome-do-Pai e o Falo. Para operar com este campo, cria seus
Matemas.
Depois Lacan dará cada vez mais prioridade ao
registro do Real. Em seus conceitos de três registros, Real, Simbólico e
Imaginário. Ele também inova criando o tempo lógico, esse que está dividido:
instante de ver, tempo de compreender, momento de concluir, onde o instante de
ver é um primeiro contato, algo bem inicial, o tempo de compreender é quando o
sujeito usa da fala para fazer a associação livre, e o momento de concluir é um
momento onde esse sujeito se faz entender, a alguma coisa está fazendo sentido,
mas não que isso se feche pois no mesmo momento outra questão é aberta, e o
sujeito sempre vai se deparar com essa falta de sentido.
Quando Lacan usa os conceitos da LINGÜÍSTICA
SAUSSURIANA, e cria a seu próprio conceito pra nos falar dos significantes é
bem válido, esses que sempre vão ter um antecedente, ou seja, um singnificante
que nos arremete um significado vem sempre de outro significante, pois nunca
iríamos chegar ao significante original, localizado no grande Outro.
Falaremos agora sobre algo bem interessante que
Lacan nós trás : complexo de Édipo.
É muito importante citar a figura do pai, como
aquele que priva a mãe do objeto de seu desejo, o falo, desempenha um papel
essencial no desenrolar do complexo de Édipo. No nível da privação, o pai priva
alguém daquilo que só tem existência como símbolo. O pai é então
constituído como símbolo, condicão para que alguém possa intervir realmente
como revestido deste símbolo.
Muito legal é que a mãe elege o pai como mediador daquilo
que está para além da lei dela e de seu capricho, ou seja, da lei como tal.
Trata-se do pai como à enunciação da lei. É nisso que ele é ou não aceito pela
criança como aquele que priva ou não a mãe do objeto de seu desejo.
No primeiro
tempo o sujeito se identifica especularmente com aquilo que é objeto do desejo
de sua mãe. É a etapa fálica primitiva.
No segundo tempo
no plano imaginário, o pai intervém como privador da mãe. Aquilo que desvincula
o sujeito de sua identificação, liga-o, ao mesmo tempo, ao primeiro
aparecimento da lei. O caráter decisivo do Édipo deve ser isolado como relação,
não com o pai, mas com a palavra do pai. O pai onipotente é aquele que priva a
mãe, no segundo tempo.
No terceiro
momento o pai pode dar a mãe o que ela deseja, porque o possui. Aqui intervém a
potência no sentido genital da palavra. A identificação que pode ser feita com
a instância paterna isso para o homem, pois para a mulher ocorre diferente ela
não tem que fazer esta identificação viril. A mulher sabe onde ele está, onde
deve ir buscá-lo, do lado do pai, e vai em direção àquele que tem.
Enfim, percebemos que para
estudar Lacan é algo muito mais complexo que pode parecer, precisaríamos de
muitas aulas e muita dedicação.
Cristiano Lima