Introdução
Fobia social pode ser considerada uma timidez patológica, daquelas que
chega a causar impactos negativos na vida pessoal. São pessoas excelentes, mas
que na hora de se expor entram em pânico sentindo um forte constrangimento e se
por vezes for forçada a enfrentar a situação tem as sensações de ansiedade
aumentada. Sob pressão são acometidas por sentimentos de medos, taquicardia,
respiração acelerada, tremores, sudorese. Esses sintomas físicos normalmente
vêm acompanhados dos sintomas psicológicos que incluem dificuldade de
raciocínio, complexo de inferioridade, medo de ser avaliado e observado.
Como podemos perceber esses sintomas são também apresentados nos
transtorno de ansiedade patológico, isso quer dizer que a fobia social está
dentro dos transtornos de ansiedade. Qualquer pessoa normal fica ansioso ou
nervoso em algum evento onde estará exposto, mas depois de passado algum tempo
ele estabiliza ansiedade, já o portador da fobia social não se sente
confortável em nenhum momento, por vezes tendo ataques de pânico ou fugindo do
ressinto sem dar explicações e essas são atitudes comparadas a pessoas
extremamente tímidas.
Como ocorre no filme o ator principal, Dave Buznik, não sabe se impor diante do chefe,
evita confrontos, não se relaciona de forma íntima em público causando sérios
prejuízos nas relações pessoais e profissionais, pois sempre tem uma sensação
de que esta sendo observado, avaliado e que as pessoas vão de alguma forma lhe
punir como aconteceu na sua infância ao arriscar seu primeiro beijo em público. Esse
repertório de punição ele aprendeu após ter vivido essa experiência forte e
única.
Dentro da fobia social existe o treinamento de habilidades que postula
que postula que os indivíduos com esta fobia sofrem de um grande déficit nas
habilidades sociais, por exemplo, iniciar uma conversa com uma pessoa estranha,
se comportar em uma entrevista de emprego, comportamento de paquera, etc.
Deficiências nas habilidades sociais podem levar uma pessoa a se comportar se
uma forma inadequada em um primeiro encontro romântico e isto deixá-la em uma
situação embaraçosa, por exemplo. A fobia de habilidade social pode levar o
indivíduo a evitar situações sociais onde ela (habilidades) possa ser essencial
para um comportamento adequado e efetivo, como uma entrevista de emprego.
(Curan, 1982)
A análise do comportamento não faz qualquer tentativa de descobrir que
experiências podem ter transformado ocasiões sociais em estímulos aversivos. Em
vez disso, ela trata os atos de esquiva presente do cliente diretamente. Embora
a esquiva possa ter começado em circunstâncias perfeitamente realistas, ela
pode persistir por muito tempo depois de ter se tornado desnecessária.
O tratamento pode dar maior ênfase à mudança dos comportamentos, ao
ensinar, por exemplo, melhores habilidades sociais. Mas geralmente é necessário
também alterar o grau de aversividade, para aquela pessoa das situações
antecedentes, e das conseqüências temidas.
A terapia cognitivo–comportamental é a modalidade não–farmacológica mais
estudada no tratamento da fobia social e sua eficácia foram demonstradas em um
grande número de investigações. Podemos observar também o sucesso da abordagem
no terapeuta do filme, Buddy Rydell, onde ele usa a exposição, o treino de
habilidades sociais e a reestruturação cognitiva para que sejam vencidos os
estímulos temidos.
Sinopse
O filme “Tratamento de choque” relata a
história de Dave
Buznik, que na infância, após arriscar
seu primeiro beijo em público diante de todos seus
colegas de escola e ser ridicularizado por estes passa a demonstrar
sintomas de ansiedade, mais especificamente fobia
social, com características como insegurança, complexo de inferioridade,
timidez e medo julgamentos. Após 21 anos do episódio, Dave, hoje um empresário não tão bem sucedido,
aparenta uma pessoa calma, demostrando claramente o incomodo em uma tentativa
de carinho de sua noiva em público.
No
decorrer do filme, após várias demostrações de insegurança, passa por um mal
entendido em um vôo e esse faz com o personagem aparentemente tranqüilo
seja sentenciado a submeter-se a um tratamento de controle da raiva. Esse
tratamento será para controlar seu
temperamento. Porém o responsável por esse tratamento, o Dr. Buddy Rydell, seu visinho
no vôo, apresentará comportamentos inadequados na percepção de Dave.
Dave fica completamente desconcertado, já que não aceitava o
diagnóstico de agressividade no qual havia recebido e continua com sua vida
normal, demonstrando sua incapacidade de defender-se e seu comodismo. Confiava
que seu médico havia presenciado toda a situação no vôo e que tudo não passava
de um mal entendido.
Mesmo com o desconforto, inicia o tratamento indicado realizando
terapia em grupo. Sem
a menor intenção, se envolve em uma briga iniciada por um colega de terapia nomeado
a ser seu acompanhante e acaba tendo que ser mais uma vez julgado. Para evitar uma prisão, acaba tendo que submeter-se
a uma terapia intensiva sugerida pelo Dr. Buddy. Nessa nova etapa do
tratamento, o médico muda-se para a casa de Dave e com seu método pouco ortodoxo de terapia, baseado no
confronto e no atrito começa a testar a paciência de Dave. Esses testes de
paciência são provocados com a intenção de colocar o paciente em situações que
lhe deixem em pânico, dentre elas o médico faz com ele se atrase para chegar ao
trabalho para reagir a explosão de seu chefe, situações no qual ele não se
permitia. Assim, Dave começa a reagir a situações que lhe incomodam, porém
ainda demonstrando apatia, subordinação e insegurança.
Dave não luta por seus objetivos, sente medo da opinião dos outros,
prefere ficar na zona de conforto a fim de evitar situações que para ele são de
constrangimento. Dr. Buddy começa a fazer com que Dave enfrente situações mal
acabadas. O médico coloca-o frente a frente com o mesmo garoto que lhe
constrangeu na infância, provocando uma reação de defesa em Dave, fazendo com
que ele externe um mal estar que lhe acompanhava desde a infância.
Mesmo com o intenso tratamento, Dave não demonstra grandes progressos. Sua
contínua falta de iniciativa e insegurança acabam incomodando a pessoa que ele
mais ama: sua namorada Linda, que termina o relacionamento e aliada ao médico simulam
um envolvimento amoroso. Essa situação faz com que Dave perceba que seu
comportamento somente o prejudica. Dr.
Buddy dá a entender que irá pedir Linda em casamento da maneira que ela mais
desejava, em um estádio lotado. Essa situação faz com que Dr. Buddy atinja o
objetivo do tratamento: fazer Dave superar seus medos, pois neste momento ele
invade o campo do estádio e declara seu amor à namorada diante de milhões de
pessoas.
Ao final do filme, fica explícito que tudo não passava de uma
armação e que Dr. Buddy foi contratado por Linda com intuito de ajudar Dave no
seu real problema: a fobia social. O tratamento o ajudou a enfrentar seus
medos, a se colocar de frente nas situações sociais antes temidas, a ser mais
seguro e a se defender.
Filme x Análise Comportamental
A avaliação funcional representa um modelo de interpretação e
investigação dos fenômenos naturais que estará presente no projeto skinneriano
de constituição da psicologia como ciência do comportamento, sendo de suma
importância para o entendimento e solução de casos apresentados na clinica
comportamental. Refere-se á investigação das relações entre as respostas de um
indivíduo aos estímulos ambientais objetivamente identificados.
O filme “Tratamento de Choque”, trás a história de um funcionário de
“pouca” expressão de uma agência de publicidade, que no momento está fazendo
uma campanha para gatos obesos, o que dá uma conotação de pouca importância ao
seu trabalho. Seu nome é Dave Buznik.
A primeira cena mostra um momento em sua infância quando ele vai dar o
seu primeiro beijo numa garota, ao fechar os olhos outro menino vem e tira seu
short, isso lhe causou grande constrangimento sendo esse acontecimento
totalmente aversivo. Supomos que essa cena mostra a
instalação dos comportamentos de ansiedade e fobia social no paciente. A partir
dessa instalação qualquer beijo em público significava punição, fazendo
com que ele sempre tivesse um comportamento de fuga do beijo em público temendo
a punição, mostrada em uma cena onde Dave mostra incomodo em uma tentativa de carinho de
sua noiva em público.
Não apenas
temia o beijo em público, como também tinha um comportamento introspectivo e
geralmente não reagia ao ser confrontado. Dave mostra tal comportamento em
várias cenas, dentre elas a que no momento em que, ao entrar no avião percebeu
que existia outro passageiro em sua poltrona. Mesmo confrontado, Dave, não
reagiu e apenas sentou em outra poltrona.
Às vezes a fobia social é interpretada como extrema timidez e a pessoa
passa a evitar qualquer tipo de constrangimento social e esse comportamento
acaba interferindo radicalmente na sua vida.
O filme expõe várias cenas de Dave passando por vários momentos de
insulto e provocações e ele sempre esta passivo. Dentre elas a cena onde Dave fica
extremamente incomodado no seu novo assento com o senhor que estava ao seu
lado, no caso seu futuro psicoterapeuta. Também não gosta do momento em que a
aeromoça lhe ignora por várias vezes e nessas e em outras cenas não demonstrava
confiança para se defender.
De um modo geral, Dave mostra-se sempre tenso, nervoso, constrangido,
confuso, tímido e evitando qualquer tipo de constrangimento social. Demonstra
medo da exposição, critica rejeição e depreciação, sintomas de ansiedade. Este
medo acaba tomando conta de sua vida e dificultando que ela mostre o seu
desempenho pessoal e profissional.
Seu terapeuta o expõe em vários momentos de insulto e provocações com o
intuito de fazer com que Dave reaja, colocando para fora o que está sentindo,
rompendo com sua timidez e aprendendo a ter novos comportamentos, contrários ao
seu repertório de fobia social. O psicoterapeuta tem um importante papel de
provocar a maior parte das situações, funcionando como reforçadoras e
aumentando a freqüência do comportamento de Dave em se impor publicamente e ser
capaz de enfrentar situações antes aversivas por conta de seu transtorno de
ansiedade.
As principais técnicas cognitivas e comportamentais utilizadas no
tratamento da fobia social são, a reestruturação cognitiva, a exposição, o
treinamento de habilidades sociais e as técnicas de relaxamento. ( Heimberg,
2001)
Dave está sempre se submetendo a fazer o que seu chefe lhe manda, sempre
grosseiramente e nunca reconhece o trabalho de Dave e diante disso ele baixa a
cabeça e concorda com tudo, mostrando não ter habilidades sociais e emitindo um
comportamento sempre de esquiva e fuga no intuito de evitar situações
aversivas, prefere omitir-se e fingir que está tudo bem, evitando uma maior
exposição de sua pessoa.
Dr. Buddy fez também uma modelagem
em seu repertório de respostas através da exposição de aspectos aversivos,
como: falar com estranhos, tomar satisfação com seu colega de infância que lhe
causou constrangimento, desafiar o chefe que sempre lhe manipulou, com essas
situações ele aprendeu novos comportamentos que o levaram a superar sua fobia.
No filme acontecem sessões
de terapia em grupo onde os clientes repetem a palavra "Goosfraba"
para se acalmar. Trata-se de uma simples técnica de condicionamento
respondente: esse som foi associado, em treinamentos anteriores, a estados de relaxamento.
Dr Buddy irrita
sistematicamente Dave para ver seu grau de sensibilidade, em uma escala
crescente de intensidade de irritação. Essa técnica tinha por objetivo ver até
onde Dave tolerava sua raiva sem explodir, estabelecendo assim uma mensuração
de seu atual nível de habilidade em controlar a raiva, para fins de comparação
no final do terapia.
Dr Buddy deixa Dave com um parceiro para que ligue sempre que precisar: Chuck, um colega de terapia. A prática de colocar os clientes de um grupo de terapia em contato tem por objetivo aumentar o apoio mútuo e também a observação dos comportamentos uns dos outros.
Dr Buddy se muda para morar com Dave, alegando que precisa disso para conseguir sua "observação intensa". Mais tarde vê-se também que esse convívio também servirá para que o Dr Buddy implemente um programa especial de tratamento intensivo.
Regras são estabelecidas para metas de tratamento (Comportamentos regido por regras).
O Dr entrega para Dave um gravador e diz que é um "maravilhosa ferramenta de terapia": ele deve gravar seus pensamentos quando tem raiva. Mais uma maneira de aumentar o grau de observação e registro dos comportamentos do cliente, para que esse aprenda auto-controle.
Dr Buddy deixa Dave com um parceiro para que ligue sempre que precisar: Chuck, um colega de terapia. A prática de colocar os clientes de um grupo de terapia em contato tem por objetivo aumentar o apoio mútuo e também a observação dos comportamentos uns dos outros.
Dr Buddy se muda para morar com Dave, alegando que precisa disso para conseguir sua "observação intensa". Mais tarde vê-se também que esse convívio também servirá para que o Dr Buddy implemente um programa especial de tratamento intensivo.
Regras são estabelecidas para metas de tratamento (Comportamentos regido por regras).
O Dr entrega para Dave um gravador e diz que é um "maravilhosa ferramenta de terapia": ele deve gravar seus pensamentos quando tem raiva. Mais uma maneira de aumentar o grau de observação e registro dos comportamentos do cliente, para que esse aprenda auto-controle.
Considerações Finais
No filme “Tratamento de choque” o personagem Dave Buznik mostra a dificuldade de
enfrentar situações, identificar danos causados, e de procurar ajuda para
aliviar seu sofrimento frente as adversidades encontrada em sua vida, pois esse
tratorno também pode ser confudido com timidez excesiva e nem mesmo o
prejudicado aceita esse diagnóstico e em muitos casos dificulta a intervenção
do terapeuta.
O filme relata a importância do indivíduo se colocar diante das
situações, interagir com os outros e com o ambiente, como agente ativo e não
apenas aceitando passivamente o que é imposto.
Referências Bibliográficas
Meyer, S.B. –
Mudança no controle de estímulos em terapia comportamental. Apresentação
feita no VII Encontro da Associação Brasileira de Psicoterapia e
MedicinaComportamental. Campinas, SP, 1998
Skinner, B.F. – Ciência e comportamento humano (9 ed.). Traduzido por
Todorov, J.C.; Azzi, R., Martins Fontes, São Paulo, 1994.Falcone, E. O. (2001). O processamento cognitivo da ansiedade na fobia social. Revista de Psiquiatria Clínica, 28, 309-312.