Um Novo “Livro de Regras” para Seu Pânico

Passos no desenvolvimento do Pânico e AgorafobiaUma maneira mais racional e adaptativa de compreender a situação
Excitação fisiológica inicial
[Tontura, dificuldade em respirar, tremores, náuseas, zunidos, coração acelerado, fraqueza, indisposição, etc.]
A excitação inicial não é perigosa.
É per­fei­ta­mente ra­zoável para qual­quer pessoa ter al­gumas ex­pe­ri­ên­cias de­sa­gra­dá­veis ou ines­pe­radas em que se sinta tonto, sem fô­lego ou com ba­ti­mentos rá­pidos do co­ração. Quase todas as pes­soas têm essas ex­pe­ri­ên­cias as vezes. Por­tanto, é grande a chance de
que isso seja normal.
Interpretação catastrófica
[“Estou ficando louco,” “estou morrendo,” “estou perdendo controle.”]
Nada de terrível está de fato acontecendo.
As pes­soas não ficam loucas porque se sentem tontas ou porque o co­ração es­teja ba­tendo ra­pi­da­mente. A in­sa­ni­dade se de­fine pelo fato de se ouvir vozes, en­xergar vultos ou ter de­lí­rios de que o mundo es­teja cons­pi­rando contra você. Ata­ques car­díacos não são a mesma coisa que o seu co­ração ba­tendo ra­pi­da­mente. Seu co­ração bate rá­pido quando você está ex­ci­tado, se exer­ci­tando ou fa­zendo sexo. Ati­vação fi­si­o­ló­gica não é a mesma coisa que perder o con­trole.
Hipervigilância
[Você está excessivamente focado em quaisquer sentimentos ou sensações internas.]
Eu não preciso detectar o perigo porque não há perigo algum.
Você pode pensar que se focar em seus ba­ti­mentos car­díacos, res­pi­ração e ton­tura aju­dará a per­ceber as coisas antes que elas saiam de seu con­trole. Mas é jus­ta­mente esse hi­per­foco em suas sen­sa­ções in­temas que o deixa mais an­sioso. Você pode di­re­ci­onar sua atenção para as coisas que es­tejam fora de você. Por exemplo, quando você se pega fo­cando em seus ba­ti­mentos car­díacos, re­di­re­cione sua atenção aos ob­jetos do am­bi­ente em que es­tiver. Des­creva a cor e a forma de todas as coisas que o cercam.
Alarmes falsos
[“Isso quer dizer que estou enlouquecendo, perdendo o controle, morrendo, tendo um ataque cardíaco…”]
Nada de terrível está acontecendo – mais uma vez!
O au­mento dos ba­ti­mentos car­díacos e a res­pi­ração rá­pida podem sim­ples­mente ser si­nais de que você está se sen­tindo an­sioso. Quantas vezes antes você in­ter­pretou mal essas sen­sa­ções? Por que elas de­ve­riam ser pe­ri­gosas agora? O seu mé­dico não Ihe disse que você es­tava bem? As pes­soas não ficam loucas por es­tarem an­si­osas. Você de fato perdeu o con­trole porque es­tava res­pi­rando ra­pi­da­mente ou porque es­tava tonto?
Evitação
[Evitar ou escapar de qualquer coisa que o deixe desconfortável.]
Preciso fazer as coisas que me deixam ansioso.
Evitar as si­tu­a­ções que o deixam an­sioso apenas au­menta sua an­si­e­dade fu­tura. O que exa­ta­mente você prevê que vai acon­tecer se con­frontar essas si­tu­a­ções? Essas coisas ter­rí­veis de fato acon­te­ceram? Você re­al­mente ficou louco, teve um ataque car­díaco ou perdeu to­tal­mente o con­trole? Ou você sim­ples­mente se sentiu an­sioso e com medo? Por mais que a an­si­e­dade seja de­sa­gra­dável, ela e tem­po­rária, normal e não letal. Pode ser mo­men­ta­ne­a­mente mais con­for­tável evitá-la, mas você es­tará en­si­nando a si mesmo que o mundo é um lugar pe­ri­goso. Você deve fazer uma lista de lu­gares e de ex­pe­ri­ên­cias que você está evi­tando e listá-los em sua hi­e­rar­quia de si­tu­a­ções te­midas. De­pois, você pode pra­ticar a ex­po­sição ima­gi­nária e di­reta con­forme des­crito por seu te­ra­peuta. Você vai cons­tatar que en­frentar os seus medos – e vencê-los – fará com que você se sinta menos an­sioso no fu­turo.
Comportamentos de segurança
[Confiança em outras pessoas ou comportamentos que você pensa
que diminuirão o perigo – por exemplo, precisar estar acompanhado, ficar buscando reasseguramento, diminuir seu comportamento (ex.: exercitar-se menos), a fim de sentir menos excitação fisiológica.]
Eu não preciso de comportamentos de segurança para controlar coisa alguma, pois não há nada de perigoso acontecendo.
Esses com­por­ta­mentos de se­gu­rança mantém a crença de que a si­tu­ação é re­al­mente pe­ri­gosa. Você pensa: “O único jeito pelo qual su­perei isso foi por meio de meus com­por­ta­mentos de se­gu­rança”. Você deve fazer uma lista de todo com­por­ta­mento que adota e que faz com que você se sinta mais se­guro e, de­pois, pra­ticar aban­doná-lo. O que você prevê que vai acon­tecer? Você acha que não será capaz de so­bre­viver à si­tu­ação sem o com­por­ta­mento de se­gu­rança? O que sig­ni­fi­cará se você de fato passar pela si­tu­ação sem ne­nhum com­por­ta­mento de se­gu­rança? Isso quer dizer que a si­tu­ação é de fato se­gura? De­sistir dos com­por­ta­mentos de se­gu­rança o aju­dará a tirar o má­ximo das pra­ticas de ex­po­sição a seus medos.


Ba­seado em: Leahy, R. L.(2011). Livre de An­si­e­dade. Porto Alegre: Artmed.