Dicas para Manter sua Motivação e Persistir na Busca por Objetivos Importantes

1. Relacione o Objetivo aos Valores

Va­lores podem ofe­recer uma mo­ti­vação pro­funda que ajuda a sus­tentar a prá­tica de novas ha­bi­li­dades e a busca por ob­je­tivos de­sa­fi­a­dores, mesmo quando isso é chato, en­te­di­ante ou an­si­o­gê­nico (o que ge­ral­mente é o caso quando se trata de ob­je­tivos sig­ni­fi­ca­tivos).
Per­gunte a si mesmo: isso re­al­mente é im­por­tante para você? O que im­porta tanto a ponto de levá-lo a co­gitar fazer algo como isso? Quais va­lores es­ta­riam sus­ten­tando este curso de ação? Como isso faria di­fe­rença po­si­tiva na sua vida? Se con­se­guirmos re­la­ci­onar uma nova forma de agir a algo pes­so­al­mente sig­ni­fi­ca­tivo, es­ta­remos muito menos pro­pensos a voltar aos ve­lhos há­bitos!

2. Estabeleça Objetivos Efetivamente

Di­versas pes­quisas mos­tram que, quando es­ta­be­le­cemos ob­je­tivos efe­ti­va­mente, au­men­tamos sig­ni­fi­ca­ti­va­mente as chances de pros­se­guirmos fo­cados no seu al­cance. Um sim­ples acrô­nimo (na língua in­glesa) para o es­ta­be­le­ci­mento de meta é: S.M.A.R.T.
Specific
(específico)
Que ações específicas você tomará?
Se um ob­je­tivo for vago e não es­pe­cí­fico (p. ex.: eu serei um pai pre­sente
esta se­mana) será di­fícil você saber se o al­cançou ou não. Então o mude
para um ob­je­tivo es­pe­cí­fico (ex. eu vou chegar em casa às 16 horas na sex­ta­feira
e levar as cri­anças ao parque para jogar fu­tebol).
Meaningful
(significativo)
Você estará vivendo em consonância com quais valores ao fazer isso?
Se o ob­je­tivo não for sig­ni­fi­ca­tivo – i.e., ali­nhado com seus va­lores – por que
se in­co­modar? Nestes casos, es­ta­be­leça um novo ob­je­tivo que seja
sig­ni­fi­ca­tivo ou re­la­cione ex­pli­ci­ta­mente o ob­je­tivo atual aos seus va­lores, de
modo que ele se torne sig­ni­fi­ca­tivo (p. ex.: Lembre-se que “fazer isso
re­pre­senta viver de acordo com meus va­lores de ser amo­roso e cui­da­doso”).
Adaptive
(adaptativo)
Como essa ação será adaptativa para sua vida (i.e., tornar sua vida melhor)?
Quais são os benefícios prováveis?Se o objetivo parece ter mais custos que benefícios, modifique-o. Por
exemplo, se o valor for justiça, e o objetivo for “bater em qualquer um que me
tratar injustamente”, este certamente será desadaptativo (i.e. torna sua vida
pior). Tenha clareza sobre os benefícios e lembre-se de quais são eles (p.
ex.: “Praticar esta habilidade de mindfulness me ajudará a lidar melhor com
situações ansiogênicas”).
Realistic
(realístico)
O objetivo é realístico considerando os recursos disponíveis atualmente – os
quais podem incluir tempo, energia, dinheiro, saúde física, apoio social e
assim por diante?Se não, modifique o objetivo para que seja realístico em relação aos recursos
disponíveis ou coloque-o de lado e elabore um novo objetivo. (É claro que a
nova meta pode ser a de obter os recursos necessários para o objetivo
original).
Time-framed
(tempo definido)
Que dia, data e hora isso irá ocorrer, e por quanto tempo você fará isso?
Um tempo de­fi­nido con­tribui para a es­pe­ci­fi­ci­dade do ob­je­tivo.

3. Adote Pequenos Passos

A jor­nada de mil quilô­me­tros co­meça com um passo. Então, se o ob­je­tivo pa­rece muito grande, torne-o menor. Se dez mi­nutos de prá­tica de mind­ful­ness for muito, di­minua para cinco. Se pra­ticar di­a­ri­a­mente for ir­re­a­lista, pra­tique a cada dois ou três dias, ou se­ma­nal­mente.
Per­gunte a si mesmo: “Em uma es­cala de 0 a 10, onde 10 sig­ni­fica ‘Eu de­fi­ni­ti­va­mente farei isso, não im­porta o que’ e 0 in­dica ‘Não existe a mí­nima chance de eu fazer isso’, qual a pro­ba­bi­li­dade de que eu re­al­mente faça isso?” Se seu es­core for menor que 7, é me­lhor mudar o ob­je­tivo para algo menor e mais fácil.

4. Cenoura versus Chicote

Muitas pes­soas tentam mo­tivar a si mesmas sendo se­veras, jul­ga­doras, au­to­crí­ticas ou pu­ni­tivas. To­davia, se punir a si mesmo fosse uma boa forma de mudar com­por­ta­mento, você já não seria per­feito?
Aprenda a “soltar o chi­cote”: de­sa­pegue-se de ex­pec­ta­tivas ex­ces­sivas e au­to­jul­ga­mentos se­veros e, em vez disso, pra­tique au­to­a­cei­tação e au­to­com­paixão. Então “crie uma ce­noura” co­nec­tando sua ação aos va­lores e re­fle­tindo sobre os pro­vá­veis re­sul­tados po­si­tivos. Por exemplo, per­gunte-se, “Se eu fizer isso, es­tarei avan­çando em di­reção à vida que quero cons­truir?” ou “Se eu fizer isso, quais serão os be­ne­fí­cios no longo prazo?”.
Re­co­nheça cada pe­queno passo “na di­reção certa”. Preste atenção ao que você está fa­zendo, e note a di­fe­rença que isso faz na sua vida. En­contre formas de se re­com­pensar por per­sistir. Essas re­com­pensas podem ser tão sim­ples como dizer a si mesmo “Muito bem. Você con­segui!”, ou manter um re­gistro em um diário, ou re­latar seu pro­gresso a ou­tras pes­soas que lhe apóiam.

5. Antecipe Obstáculos

Quando você se com­pro­mete com um ob­je­tivo, é útil per­guntar a si mesmo, “Que em­pe­ci­lhos podem surgir no meio do ca­minho?” Como diz o di­tado, “um homem pre­ve­nido vale por dois”. Assim, uma vez que te­nhamos en­con­trado obs­tá­culos po­ten­ciais, po­demos então pla­nejar como con­torná-los. E se não houver como con­tornar um obs­tá­culo? Então cer­ta­mente pre­ci­sa­remos es­ta­be­lecer um ob­je­tivo di­fe­rente, abrindo es­paço para nosso ine­vi­tável de­sa­pon­ta­mento e frus­tração.
Um dos obs­tá­culos mais co­muns ao curso de ação pre­ten­dido são as ati­vi­dades que com­petem com ele em termos de tempo e energia. Nestes casos, po­demos nos per­guntar, “Do que eu estou dis­posto a abrir mão, ou fazer menos, ou dizer ‘não’ para, a fim de li­berar tempo e energia para fazer isso?”.

6. Confronte os Custos

Em­bora a “ce­noura” seja de longe mais útil que o “chi­cote”, às vezes é im­por­tante nos co­nec­tarmos de forma re­a­lista e pro­funda com os custos de não pros­se­guir.
Nós po­demos, com­pas­siva e gen­til­mente, nos in­dagar “Se eu per­ma­necer fa­zendo o que estou fa­zendo: o que isso está me cus­tando em termos de saúde / bem-estar / re­la­ci­o­na­mentos? O que estou per­dendo? Como es­tará minha vida: daqui a um ano? Daqui a dois anos? Daqui a dez anos?”.

7. Cultive a Disposição

A prá­tica de novas ha­bi­li­dades fre­quen­te­mente é en­fa­donha e en­te­di­ante. A per­se­guição de ob­je­tivos que nos tiram da zona de con­forto quase sempre gera an­si­e­dade sig­ni­fi­ca­tiva. Deste modo, se não es­ti­vermos dis­postos a dar es­paço ao des­con­forto, ob­vi­a­mente não agi­remos.
Então, po­demos nos per­guntar: “Eu estou dis­posto a sentir algum des­con­forto, a fim de fazer o que im­porta?” ou “Eu estou dis­posto a sentir suor pelo corpo, um nó no estô­mago e um aperto no peito, ou­vindo sem jul­ga­mento aquela voz na minha ca­beça que me diz coisas as­sus­ta­doras, se é isso que eu pre­ciso vi­ven­ciar para fazer as coisas que re­al­mente im­portam?”.
Se você está in­dis­posto a se abrir para o des­con­forto ine­vi­tável, você pode pre­cisar de a) tra­ba­lhar sobre ha­bi­li­dades de acei­tação; b) pro­mover a vin­cu­lação aos seus va­lores; ou c) es­ta­be­lecer um ob­je­tivo mais fácil que elicie menos des­con­forto.

8. Desapegue-se das Justificativas

A mente é uma má­quina de en­con­trar jus­ti­fi­ca­tivas e, tão logo co­me­çamos a pensar em fazer algo que nos tire da nossa zona de con­forto, ela produz uma lista com todas as ra­zões pelas quais não con­se­gui­ríamos fazer isso, não de­ve­ríamos fazer isso, ou não temos a obri­gação de fazê-lo: estou can­sado / ocu­pado de­mais, isso não é tão im­por­tante assim, é di­fícil de­mais, não tenho o dom para fazer isso, vou fra­cassar se tentar, estou an­sioso de­mais agora, e assim por di­ante. Por­tanto, se es­pe­rarmos até o dia que nossa mente pare de en­con­trar jus­ti­fi­ca­tivas para então fa­zermos as coisas que re­al­mente im­portam na vida… nós nunca fa­remos nada de sig­ni­fi­ca­tivo.
Então, se a fusão com o en­con­trar jus­ti­fi­ca­tivas é a prin­cipal bar­reira à ação, na­tu­ral­mente a abor­da­remos por meio da des­fusão: p. ex. “Aha! Aqui está ela de novo. A velha e co­nhe­cida his­tória do ‘eu não con­sigo’. Obri­gado, mente!”.

9. Obtenha Apoio

O apoio so­cial é com frequência ex­tre­ma­mente mo­ti­vador. Você con­segue pensar em um par­ceiro, amigo, pa­rente, co­lega de tra­balho, vi­zinho, com quem você possa com­par­ti­lhar suas as­pi­ra­ções e re­a­li­za­ções? Al­guém que irá en­co­rajar e apoiar você? Re­co­nhecer seus su­cessos e animá-lo?
Existe algum grupo ou curso (do qual você pode par­ti­cipar) que ser­viria a este pro­pó­sito? Você con­segue pensar em al­guém para ser seu “par­ceiro de exer­cício” – uma pessoa com quem você po­deria pra­ticar uma ati­vi­dade fí­sica con­jun­ta­mente?

10. Use Lembretes

É muito fácil es­que­cermos dos nossos ob­je­tivos. Então, como po­demos criar lem­bretes? Po­demos co­locar men­sa­gens ou alertas no com­pu­tador, ce­lular, ca­len­dário ou agenda? Po­demos pedir às pes­soas da nossa rede de apoio para que nos lem­brem? Po­demos fixar notas no es­pelho, ge­la­deira ou painel do carro? Po­demos co­locar um post-it na nossa pul­seira do re­lógio ou um elás­tico em volta do pulso, de do que, sempre que virmos estas coisas, elas nos lem­brem de nossos ob­je­tivos?
Po­demos usar um evento re­cor­rente para si­na­lizar nosso novo com­por­ta­mento: por exemplo, fazer um exer­cício de res­pi­ração por dez mi­nutos ime­di­a­ta­mente após o jantar, ou assim que nosso re­lógio des­per­tador tocar de manhã? Po­demos pro­gramar a ati­vi­dade em um ca­len­dário, agenda ou na nossa lista de “coisas a serem feitas hoje”, re­al­çando-a de al­guma forma que en­fa­tize sua im­por­tância? (Isso, é claro, também ofe­rece ao ob­je­tivo um mo­mento de­fi­nido, e ajuda a evitar com­pe­tição de ati­vi­dades).

Ba­seado em: Harris, R. (2013). Get­ting uns­tuck in ACT. Oa­kland: New Har­binger Pu­bli­ca­tions.