A pós-modernidade é a era da
informação, da revolução da informática, da tecnociência, e também de mudanças
significativas na economia, onde a sociedade é caracterizada por uma moral
hedonista e consumista, onde tudo é mercadoria, e embora a produção seja em
massa o consumo é personalizado e seduz o indivíduo. Na sociedade pós-moderna
há um constante apelo pelo novo e ao prazer, e viver é estar em constante
mudança, é estar “antenado” na próxima novidade.
Todas essas mudanças fazem
nascer uma nova subjetividade, e dessa forma, o autor coloca que, no
pós-modernismo surgem dois estilos de vida e de filosofia, ostentados pelo
niilismo (o nada, o vazio, a ausência de valores, o desencanto pela vida). São
eles: a criança radiosa e o andróide melancólico. O homem pós-moderno, então, dá
adeus às ilusões e entrega-se ao prazer, ao presente, ao consumo e ao
individualismo exarcebados, conforme citado pelo autor:
O
indivíduo pós-moderno consome como um jogo personalizado bens e serviços, do
disco a laser ao horóscopo por telefone. O hedonismo – moral do prazer (não de
valores) buscada na satisfação aqui e agora – é a sua filosofia portátil.
(p.87)
O andróide melancólico, “também é dessubstanciado e narcisista” (p.103),
sendo guiado e “programado” quase que exclusivamente pelo consumismo. Ele não
tem história própria, personalizada, é apenas mais um na sociedade, tem o seu
presente ditado e manipulado pelo sistema de consumo e pela tecnociência. A sua
vida é o nada oferecido pelas novas idéias e valores da pós-modernidade.
Mergulhado numa infinidade de opções no mundo das mercadorias, que na maioria dos
casos não agregam nenhum valor moral ou sentimental em sua vida, o andróide
melancólico se entrega ao hedonismo consumista. Farto de consumo e informação,
o homem pós-moderno se apóia no conformismo, refletindo uma apatia peculiar da
pós-modernidade, que leva a depressão e a ansiedade.
Em nossa sociedade atual, é
praticamente impossível encontrar alguém exclusivamente narcisista ou
melancólico, e segundo o autor, a criança radiosa e andróide melancólico são
estereótipos ideais do homem pós-moderno. O narcisista traz o que o autor
chamou de niilismo ativo, onde o aceleramento da decadência pode levar a um
possível renascimento; Já o melancólico traz o niilismo passivo, pois trata-se
de um indivíduo desorientado e amedrontado pela certeza de sua finitude. Utilizando algumas personalidades dos anos
80, o autor tenta ilustrar os dois estilos de vida do homem pós-moderno. Sendo
assim, como um possível “ícone” do andróide melancólico, ele cita o cineasta
Woody Allen, caracterizado por seu “desencanto
humorado e frio” (p.104), e como “ícone” do narcisista, a cantora Madonna,
e Boy George (cantor e compositor, foi um dos cantores homossexuais mais
famosos e excêntricos da década de 80), como sendo uma mistura dos dois.
Cristiano Lima