Francisco
Cristiano Ferreira Lima
Epistemologia da Psicologia
FIGUEIREDO, L. C. Precondições
socioculturais para o aparecimento da
psicologia
como ciência no século XIX. Psicologia, uma (nova) introdução: uma
visão
da psicologia como ciência.
São Paulo: EDUC, 2002, p. 18-52
Para que acontecesse o
surgimento da Psicologia foi preciso diversas precondições socioculturais para
o aparecimento desta. Uma delas foi a experiência da subjetividade privatizada,
ou seja, reconhecer-se como um ser moralmente autônomo, capaz de iniciativa,
dotado de sentimentos e desejos próprios.
Mas isso só foi possível
após o Renascimento, antes as crenças e
valores incontestáveis não davam espaço para essa experiência.
Então, só foi possível
difundir e aprofundar essa subjetividade numa sociedade em crise, quando uma
tradição cultural é contestada e surgem novas formas de vida, em que os homens
se vêem obrigados a tomarem suas próprias decisões, pois não tinham apoio na
sociedade e também porque viam variações na religião com até mesmo heresias
aumentando mais ainda essa subjetividade individual.
Por isso foi com o Renascimento que os homens passam a perder as
bases de valores e crenças, essas que serviam –lhes de referências, e passam a ver-se
desamparado.
Após isso o homem precisou ver as coisas de modo racional ou
empírico, que era a forma de alcançar a verdade absoluta, desde que seguidas
estritamente os preceitos do método
correto, logo depois no século seguinte essa verdade vai ser criticada por um
movimento que se chamou de movimento Iluminista ,que defendia a idéia de
valorização das experiências individuais.
Depois vem o Romantismo para criticar o Iluminismo defendendo a
idéia de que o homem não era apenas um ser racional, mas sim um ser passional e
sensível, é ai que o racional é destronado e passa a ser um ser mais ou menos
ilusório que encobre algo profundo e obscuro. Com o Romantismo vem a tona à
subjetividade de cada um , que é essa valorização do íntimo e individual.
Nesse período o mundo sofria grandes transformações , mais um
ponto para se valorizar o “eu” essa subjetividade antes falado, o mundo passava
a pertencer a um sistema mercantil capitalista e de individualização , com isso
a carga de conflitos , atritos . angustias , aprofunda ainda mais a experiência
de subjetividade privatizada.
Mas, essa mesma subjetividade privatizada, incontestada pelos
movimentos do Liberalismo e do Romantismo, entra numa crise dela mesmo e o
homem passa a ver que as diferenças e liberdades são em grande parte ilusões,
os interesses particulares levam a conflitos e assim por
diante como uma “ bola de neve”. Assim , “ No começo do conhecimento há sempre
uma desconfiança e no fim há sempre uma decepção”. p. 47.
E assim estar dado todas as condições para uma Psicologia
independente para uma tentativa de entender esse espaço psicológico estudado
nas várias áreas de atuação que um psicólogo possa trabalhar.
Cristiano Lima