Mitos e Verdades sobre Antidepressivos

“Vou ficar DEPENDENTE desses remédios.” 
Mito. Os antidepressivos (assim como outros psicotrópicos, dentre os quais os estabilizadores de humor, anticonvulsivantes, antipsicóticos) NÃO causam dependência.
Essa confusão é comum e deve ser desmistificada. Depressão é uma doença episódica, isso significa que cada episódio depressivo deve ser tratado até atingir a REMISSÃO daquele episódio. A duração média do tratamento do primeiro episódio é de aproximadamente um ano, mas isso depende de diversas variáveis como resposta ao tratamento inicial, tolerância a efeitos adversos, possível necessidade de troca ou associação de medicações.
Frequentemente ocorre a RECORRÊNCIA de episódios (em especial, em indivíduos com predisposição). Nesses casos, indubitavelmente após 3 episódios depressivos ao longo da vida, passa-se a considerar o tratamento contínuo por tempo prolongado, como medida PROTETORA para evitar a recidiva.

“Vou ter que tomar PRO RESTO DA VIDA.” 
Mito. Como explicado anteriormente, a indicação de duração do tratamento deve ser individualizada, uma vez que depende de diversos fatores como duração e intensidade do episódio, número/recorrência de episódios depressivos anteriores, comorbidades clínicas que potencialmente agravam a condição. A duração preconizada do tratamento deve ser respeitada, uma vez que a interrupção precoce é um dos principais fatores responsáveis pelas recidivas.

“Todo antidepressivo tem EFEITOS COLATERAIS.” 
Verdade. Não existe medicação isenta de efeitos colaterais, mas é importante ressaltar que eles não ocorrem em todas pessoas, geralmente apenas na minoria delas, que fazem uso da substância. Esses efeitos são variáveis de acordo com a classe do antidepressivo (se Inibidor Seletivo da Recaptação de Serotonina – ISRS, ou Inibidor da Recaptação de Serotonina e Noradrenalina – IRSN, os chamados “duais”; dentre outras classes) e geralmente são TRANSITÓRIOS. Para todos os antidepressivos existe o tempo necessário para remissão dos efeitos colaterais. Os efeitos colaterais mais comuns são dor de cabeça e enjôo, os quais geralmente remitem na primeira ou no máximo até a segunda semana.

“Depois de usar um tempo, eles DEIXAM DE FAZER EFEITO.” 
Mito. Os antidepressivos não causam tolerância, isto é, necessidade de doses cada vez maiores para ter o mesmo efeito do início do tratamento. Entretanto, em situação de INTERRUPÇÃO PRECOCE do tratamento, pode haver um agravamento dos sintomas e consequente necessidade de reintrodução da medicação. Em alguns casos também pode haver necessidade de TROCA ou ASSOCIAÇÃO de medicações, quando outros sintomas adicionais ou mais intensos requerem uma abordagem mais ampla, como a troca por um diferente mecanismo de ação (por um IRSN por exemplo, ou mesmo estabilizador de humor).

“O álcool corta o efeito.” 
Mito e verdade.
O álcool não “corta o efeito” no sentido de que a medicação deixaria de agir. Contudo, é sabidamente uma droga com ação depressora no sistema nervoso central, de modo que seu consumo, em especial o consumo excessivo e continuado, intensifica os sintomas depressivos e consequentemente aumenta a gravidade do quadro e reduz a resposta ao tratamento. A comorbidade com Dependência de álcool (e outras drogas) é frequente e deve ser investigada e igualmente tratada.

“Alteram a PERSONALIDADE.” 
Mito. Medicações antidepressivas não alteram a personalidade do indivíduo, apenas tratam o que é doença, aliviam os sintomas, permitindo que o paciente volte a sentir prazer; tenha mais ânimo e capacidade para tomar decisões.

“Não são a ÚNICA maneira de tratar depressão.” 
Verdade. Outras modalidades terapêuticas como a prática regular de atividades físicas, dieta equilibrada, meditação (mindfullness), e, principalmente, psicoterapia podem funcionar como coadjuvantes ao tratamento, pois são medidas diretamente ligadas ao bem estar físico e mental. Caso leves podem não necessitar de uso de antidepressivos, quando estas medidas são adotadas.Atenção! É aconselhável a manutenção de um estilo de vida saudável inclusive como prevenção do transtorno, em especial para quem apresenta fortes fatores de risco e predisposição genética.

*OBSERVAÇÃO: 
Estas informações não se aplicam à classe dos BENZODIAZEPÍNICOS que são as medicações TARJA PRETA, usados como calmantes/sedativos. Estas medicações, sim, tem potencial de causar DEPENDÊNCIA.

O uso prolongado de benzodiazepínicos (CLONAZEPAM, ALPRAZOLAM, DIAZEPAM, BROMAZEPAM, LORAZEPAM, entre outros) está associado a prejuízos cognitivos, como déficit de memória e de concentração; os quais podem, em alguns casos, quando usado por vários anos, ser irreversíveis.

Por esses motivos, recomenda-se que quando indicado o uso destas medicações, este seja feito pelo menor tempo possível.

Fonte: INCB